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Casos e Referências

Terceirização de cuidados com as crianças

30 de abril de 2014

Cuidar de uma criança nem sempre é fácil, exige atenção, compromisso e principalmente amor. Alguns exemplos de negligências causam arrepios a quem vê e deixa marcas nas crianças que a sofrem.

Já apresentamos exemplos de negligência infantil aqui e falamos de suas consequências aqui e aqui. É certo que são muitas as formas nas quais os adultos fazem crianças se sentirem negligenciadas.

Independente de classe social e econômica, é possível – infelizmente – presenciar casos nos quais fica muito explícito o desrespeito emocional e físico para com a criança e o sentimento de ser indesejável, um estorvo na vida dos adultos que deveriam ser suas referências.

Mas o que trazemos hoje é uma situação típica de famílias de maior poder aquisitivo que delegam a terceiros os cuidados com seus filhos. Nesse grupo, cada vez mais, é possível ver babás cuidando de crianças. Não que isso seja em si uma negligência com as crianças, mas alguns casos extremos são exatamente isso.

Uma jornalista – Mariana Sgarioni – ao frequentar parques infantis com seu filho pequeno começou a presenciar situações envolvendo as babás de outras crianças que chamaram muito a sua atenção e então ela passou a fazer pequenas entrevistas para entender melhor o contexto. Em um texto, Mariana  divulgou os depoimentos que mostram que talvez algumas pessoas não devessem assumir (e, na prática, não assumem) o papel de pais e mães.

Uma das babás relata que ao voltar do descanso no final de semana já teve que levar o bebê ao pronto-socorro porque os pais deixaram-no tempo demais com as fraldas ou esquecem de trocar e o bebê ficou em “carne viva”. Outra conta que mora em uma favela e teve de levar o bebê para casa no final de semana e que houve troca de tiros, mas a mãe pediu para ficar com a criança pois tinha compromissos e não tinha com quem a deixar. Outra ainda indica que vai à reunião na escola e leva a criança ao pediatra…

O mais incrível foi a constatação de uma delas ao ver o bebê de Sgarioni bem cuidado e se admirar que ela cuidasse dele sozinha, como se uma mãe não desse conta.

Algumas perguntas teimam em aparecer em situações como as que podemos ver: O que significa para uma criança ser deixada com as fraldas sujas até que fique muito machucada? O que significa para uma criança ter que ir para a casa da babá para que seus pais possam sair? O que significa para uma criança ter que ser levada para o médico, buscada na escola, comer, tudo só com a babá?

Nesses casos em que as crianças vivem constantemente com as babás, devem sentir muita falta delas quando vão embora para viver a sua própria vida privada. O sentimento que deveriam ter pelos pais parece ser transferido para uma pessoa que na verdade desempenha um papel profissional e portanto tem características e limites que não são os mesmos daqueles que deveriam ser os responsáveis.

Ter um apoio nos cuidados com as crianças parece ser realidade num mundo em que cada vez mais o trabalho envolve a vida dos adultos, mas delegar tudo a um terceiro é abrir mão do amor e da incrível experiência de crescer juntos. Isso é insubstituível e irrecuperável para mães, pais e, principalmente, para os filhos.

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